As minhas reflexões e confissões continuam enquanto me sento
aqui.
Podia sentir-me estranha aqui sentada a observar as pessoas
que passam por mim mas a minha mente mantem-me
alienada de tudo o que se passa à minha roda.
Hoje não consigo deixar de pensar o quanto podemos viver
enganados nas nossas próprias ilusões e o quanto choca e magoa quando levamos
uma estocada da realidade e do que é verdadeiramente real.
Somos capazes de viver anos a fio a acreditar em algo que um
dia por uma partida do destino descobrimos não ser o que pensavamos ser.
Será que por escolher acreditar no melhor das pessoas acabei
por baixar a minha guarda e pegar numa pala que impedia de ver o que realmente
se passava? Não meus caros, o pior é admitir que já sabia que algo se passava e
tentar ignorar a partir do momento em que me senti sem forças para o enfrentar.
Sempre pensei que seria um pouco fria, sempre tomei decisões
que pensei poupar as pessoas que me rodeavam à dor e acabei por ser a minha
própria vítima.
O que fazer agora é o que mais me atormenta. Sim, tenho todo
um plano ou uma ideia do que serão os próximos passos mas algo se perdeu pelo
caminho.
Penso se terei perdido a minha capacidade de
acreditar que existem pessoas boas, que mereço coisas boas. Penso que sou
apenas um desperdício de espaço que vai falhando lentamente nas coisas que mais
quer.
Sei que não é verdade, sei que sempre fui uma lutadora, que
nunca baixei os braços enquanto tive forças, mas sinto-me cansada.
Há quem me apoie e me dê força através das coisas mais
simples, há quem me consiga por sorrisos na face apesar de todas as adversidades.
Chego à conclusão que a única maneira de recuperar a fé nas
pessoas terá de ser através desses sorrisos. Tenho de me reencontrar, encontrar
o meu equilíbrio e lembrar-me de porque é bom continuar viva.