quarta-feira, 18 de setembro de 2013

IV


As minhas reflexões e confissões continuam enquanto me sento aqui.

Podia sentir-me estranha aqui sentada a observar as pessoas que passam por mim mas a minha mente mantem-me  alienada de tudo o que se passa à minha roda.

Hoje não consigo deixar de pensar o quanto podemos viver enganados nas nossas próprias ilusões e o quanto choca e magoa quando levamos uma estocada da realidade e do que é verdadeiramente real.

Somos capazes de viver anos a fio a acreditar em algo que um dia por uma partida do destino descobrimos não ser o que pensavamos ser.

Será que por escolher acreditar no melhor das pessoas acabei por baixar a minha guarda e pegar numa pala que impedia de ver o que realmente se passava? Não meus caros, o pior é admitir que já sabia que algo se passava e tentar ignorar a partir do momento em que me senti sem forças para o enfrentar.

Sempre pensei que seria um pouco fria, sempre tomei decisões que pensei poupar as pessoas que me rodeavam à dor e acabei por ser a minha própria vítima.

O que fazer agora é o que mais me atormenta. Sim, tenho todo um plano ou uma ideia do que serão os próximos passos mas algo se perdeu pelo caminho.
Penso se terei perdido a minha capacidade de acreditar que existem pessoas boas, que mereço coisas boas. Penso que sou apenas um desperdício de espaço que vai falhando lentamente nas coisas que mais quer.

Sei que não é verdade, sei que sempre fui uma lutadora, que nunca baixei os braços enquanto tive forças, mas sinto-me cansada.
Há quem me apoie e me dê força através das coisas mais simples, há quem me consiga por sorrisos na face apesar de todas as adversidades.

Chego à conclusão que a única maneira de recuperar a fé nas pessoas terá de ser através desses sorrisos. Tenho de me reencontrar, encontrar o meu equilíbrio e lembrar-me de porque é bom continuar viva.